- Área: 8326 m²
- Ano: 2008
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Fabricantes: Acesita, Alpina Termoplásticos, BASF, Borg, Broilo & Cia, Comex, Concrepav, Dr Ind. Esquadrias Revestimentos, Eduardo Guedes, Elnecave, Engemix, Engepol, Ezalpha, Fike Latina, Fixo Mármore, Fleury Consultores, Fluid Systems, Fundação Gaia, Furação, Heating & Cooling, +35
Bases e Variações
Poderia haver sido um prisma retangular cujo comprimento mediria quarenta e um metros e meio, cuja largura mediria trinta e três, e cuja altura, vinte e cinco. Poderia haver sido quase o mesmo: três pavimentos elevados, formados cada um por três salas retangulares de exposições, dispostas em duas faces consecutivas, conectadas por rampas que circulam pelas duas outras faces. Assim, um átrio de quatro pavimentos de altura surge entre circulações e salas, criando uma simetria diagonal no interior do edifício.
Porém o edifício não é apenas uma regra. É sobretudo a materialização de um conjunto de variações. As rampas da regra primária, com uma extensão de quarenta e nove metros e cinquenta e oito centímetros dividida em dois segmentos perpendiculares em cada pavimento, de modo a alcançar os cinco metros e meio de pé-direito necessitaria ou uma inclinação de onze e um décimo porcento ou um aumento de treze metros e trinta e nove centímetros na sua extensão com uma inclinação de oito vírgula setenta e três porcento. Logo a opção óbvia, a qual implica o primeiro conjunto de variações espaço-formais no edifício, é pelo aumento da extensão da rampa: o primeiro e aquele conjunto que irá determinar a identidade visual do edifício. A ordem do canto das salas de exposição é mantida; a ordem do canto das rampas é metamorfoseada. O perímetro original ainda permanece materializado nos dois outros cantos determinados pela diagonal oposta do retângulo, que recebe as duas escadas do edifício.
Mantendo o perímetro original do edifício, a posição original das rampas e os pontos inicial e final originais das pendentes, a única possibilidade espaço-formal para as rampas alcançarem sua necessária extensão é a irrupção de saliências externas e/ou internas. O edifício materializa ambas as possibilidades. As rampas originais são duplicadas em novas rampas bifurcadas: uma externa retilínea e uma interna curvilínea. Cada lance das rampas é formado a partir de três segmentos: três segmentos de reta no primeiro caso e três arcos no segundo. Cada lance atinge a mesma altura, a metade de um pé-direito, dois metros e setenta e cinco centímetros, e portanto tem o mesmo comprimento total como soma das componentes horizontais de suas pendentes. Entre as três rampas curvilíneas e as três rampas retilíneas surge um novo átrio: um externo e aberto, cujo teto é o próprio céu.
Conectando os pavimentos há sempre um lance de rampa curvilínea e outro de rampa retilínea: o percurso de subida ou descida intercala ambos os tipos de rampa. Porém visualmente cada tipo é agrupado como se criando uma falsa continuidade: dentro está à vista somente a ascensão dos três lances de rampa curvilínea; fora, preponderantemente os três lances de rampa retilínea. A realidade espacial do edifício integra; a realidade formal isola.
O novo perímetro do edifício é agora materializado por uma curva formada por um arco maior central convexo e dois arcos menores laterais côncavos conectados por retas tangentes. Ele enfatiza o traço das rampas curvilíneas, porém a modifica ligeiramente, de tal modo que essas rampas sutilmente aparecem na fachada. Em frente e desgarrados dessa nova superfície curva os três lances visualmente contínuos de rampa retilínea circundam o átrio aberto. As rampas curvilíneas separam interior e exterior, elas são o único elemento que rompe o caráter preponderantemente ortogonal do edifício.
A partir de uma rampa de dois segmentos circundando um átrio fechado, duas rampas de três segmentos circundando dois atrios, um fechado e um aberto. Essa é a variação. Desde um prisma, uma rocha. Assim é a materialização do edifício.
Artigo escrito por Igor Fracalossi.